De imediato, um senhor que estava quase cochilando com um jornal nas mãos, veio correndo em minha direção e me abraçou sorrindo. Ele deveria ter uns 80 anos ou mais. Fiquei surpresa mas não fiquei assustada pois havia tambem uma senhora, que deveria ser sua esposa. Ela gritou: "É ela, a garota do quadro. Ela veio buscar o quadro!".
"Sim, é ela. Quem diria. Eu sempre acreditei que mais cedo ou mais tarde ela viria buscar a pintura!". - Disse o senhor me olhando de alto a baixo através de seus óculos, como se eu também fosse uma peça rara de museu. Já tenho mais de 30 anos mas não me considero isso!
Refeita da surpresa, perguntei como me conheciam e que quadro era este. Eles me contaram que um dia, um rapaz tinha gostado muito de uma garota e mandou fazer um quadro. Depois, tudo teria acabado entre eles e então, simplesmente deixou o quadro aqui, não para ser vendido, mas para ser entregue a verdadeira dona. Um dia, continuaram eles a contar, a pessoa retratada (no caso eu), viria buscar. Esse dia chegou.
Claro que corri para ver o tal quadro e realmente lá estava ele, na parte mais organizada e iluminada da apertada lojinha, com um aviso "Não Está a Venda".
"Muita gente de dinheiro já ofereceu quantias enormes por este quadro mas resolvemos não vendê-lo. Eu e minha senhora achamos que deve ter sido muito bonito o romance de vocês e por isso, respeitamos o pedido do rapaz. Não e todo dia que estas coisas acontecem, sabia?" - Perguntou o senhor.
"Não sabemos ao certo se foi ele mesmo quem pintou ou mandou fazer quando voces ainda eram namorados; na verdade ele queria te dar de natal, isso em 1992. Mas, depois que terminaram, ele não aguentou mais olhar para esta imagem todos os dias e preferiu nos doar. Não é bacana? - Perguntou a senhora.
Bem, então vocês não vão me vender o quadro, perguntei. Eles então me falaram que não poderiam vender para a verdadeira dona, e me deram a pintura. Agora, este belo mas misterioso quadro está na sala de meu apartamento. Fico imaginando para quem ela olha e sorri tão delicadamente. Será realmente que a garota do quadro sou eu em algum lugar do passado que não me lembro?
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